Jalapão

EMPOEIRADO ATÉ A ALMA

Em primeiro lugar, encare essa viagem como uma verdadeira colônia de férias off-road para gente cascuda e disposta a “passar trabalho” em troca da beleza de viver uma aventura.

No Jalapão sinal de celular é coisa rara, as estradas são mal sinalizadas, esburacadas e arenosas. O 4×4 é indispensável. Longas rodovias (se é que dá pra chamar assim) que te carregam para onde Judas perdeu as botas. Um fim de mundo sob sol forte, com onças à espreita vigiando cinegrafistas do Largados e Pelados e onde pilotos do Rally dos Sertões não reduzem na faixa de pedestres. Se existe uma única certeza nessa empreitada é de que, em algum momento, você irá passar por um perrengue ou outro, nem que seja pela falta de um toalete mais moderno e menos natural.

Mas pense pelo lado emocional e com o coração: este é apenas um pequeno preço a ser pago para desbravar uma das regiões mais remotas e intocadas do nosso país. Um destino intenso, cercado por belezas naturais intactas e escondidas no meio do cerrado de Tocantins.

Se algo está claro é que o Jalapão ainda é uma jóia muito por culpa do difícil acesso, o que mantém o cenário selvagem e inóspito, ainda distantes de aglomerações e longas filas para selfies. Cortado por uma teia de rios, riachos e ribeirões de águas cristalinas, esse verdadeiro Deserto das Águas envolto em fervedouros verde-esmeralda, chapadas, cachoeiras e dunas alaranjadas talvez seja um excelente exemplo do que realmente significa viajar pelo interior do Brasil.

Durante seis dias em junho, umas das melhores épocas do ano para conhecer a região (leia-se: sol forte no lombo, mas zero chuvas), esse será nosso destino a ser desbravado. Uma autêntica imersão no cerrado brasileiro, onde estaremos mais entregues à natureza e ao bom coração das comunidades locais. Nós não gostamos de admitir esse tipo de marketing mequetrefe, mas nesse caso é a mais puta verdade: se existe um roteiro que contempla o melhor do que há para ver no Jalapão, é o nosso.

E só pra deixar claro: está tudo incluso, inclusive o guia mais peculiar e espetacular do Jalapão, Silvio, o qual não há como explicar textualmente tamanha excentricidade; mas confie em nós.

Obviamente, como é de se esperar, adiantamos que essa odisséia rural pode ser melhor vivida sob o prisma de uma cerveja canelinha de pedreiro como prêmio pelo trabalho árduo em qualquer hora do dia. Afinal, se algo está possivelmente escrito em algum manual sobre “como se deve curtir o Jalapão” – é com os pézinhos mergulhados no fervedouro e o sinônimo da paz repousando gelado em suas mãos.

Vai ser legal pra caralho.